Olá, futuro(a) especialista!
Na Parte 1, exploramos a grande revolução do protocolo xABCDE e o controle de hemorragias exanguinantes. Agora, vamos mergulhar em uma das áreas que mais sofreu transformações na 11ª edição do ATLS: o manejo de queimaduras.
Se você ainda está estudando pelas diretrizes antigas, prepare-se para uma surpresa. O INEP já está cobrando essas mudanças, e quem não se atualizou pode perder pontos preciosos em questões que pareciam “fáceis”.
Por Que o Manejo de Queimaduras Precisou Mudar?
Evidências Científicas Robustas: Décadas de experiência em centros especializados mostraram que algumas condutas tradicionais não eram as mais eficazes. A principal descoberta? A individualização do tratamento supera protocolos rígidos.
Medicina Baseada em Evidências: Estudos recentes questionaram dogmas antigos, como a preservação obrigatória das flictenas e a divisão rígida da reposição volêmica em 8h + 16h.
Experiência Internacional: Protocolos utilizados em países com alta incidência de queimaduras mostraram resultados superiores com abordagens mais flexíveis e dinâmicas.
A Revolução na Fórmula de Parkland: Adeus à Divisão 8h + 16h
A mudança mais impactante no manejo de queimaduras foi na distribuição da reposição volêmica.
O Que Era Antes:
- Fórmula: 2-4 mL x peso (kg) x %SCQ
 - Distribuição: 50% nas primeiras 8 horas + 50% nas 16 horas seguintes
 - Rigidez: Protocolo inflexível independente da resposta clínica
 
O Que É Agora:
- Fórmula mantida: 2 mL x peso (kg) x %SCQ (adultos) | 3 mL x peso (kg) x %SCQ (crianças < 13 anos)
 - Nova distribuição: Todo o volume distribuído igualmente nas próximas 16 horas
 - Flexibilidade: Ajuste baseado na diurese e resposta clínica individual
 
Por Que Essa Mudança?
- Individualização: Cada paciente responde diferentemente à reposição
 - Monitorização contínua: Diurese como parâmetro principal de ajuste
 - Redução de complicações: Menor risco de sobrecarga hídrica
 - Praticidade clínica: Mais fácil de calcular e administrar
 
Dica de Prova: O INEP pode apresentar um caso de queimadura pediátrica ou adulta para testar se você conhece a nova distribuição. A pegadinha clássica será colocar a divisão antiga (8h + 16h) como alternativa tentadora.
Flictenas: A Grande Mudança de Paradigma
Uma das mudanças mais surpreendentes foi no manejo das flictenas (bolhas).
Protocolo Antigo:
- Conduta: Preservar as flictenas íntegras
 - Justificativa: Proteção natural contra infecção
 - Problema: Dificuldade na avaliação da profundidade real
 
Novo Protocolo (11ª Edição):
- Conduta: Remover as flictenas em ambiente estéril
 - Justificativa: Melhor avaliação da profundidade da lesão
 - Benefício: Redução de diagnósticos imprecisos
 
Por Que Mudar?
- Avaliação precisa: Flictenas mascaram a real profundidade
 - Planejamento terapêutico: Decisões mais assertivas sobre tratamento
 - Prevenção de complicações: Identificação precoce de lesões mais graves
 - Evidência científica: Estudos mostraram segurança do procedimento
 
Hidratação Precoce: Começando no Pré-Hospitalar
Outra inovação importante foi a antecipação da hidratação.
Critérios para Início Precoce:
- Queimaduras ≥ 20% SCQ em qualquer idade
 - Disponibilidade de acesso venoso seguro
 - Transporte prolongado até centro especializado
 
Volumes Iniciais por Faixa Etária:
- ≤ 5 anos: 125 mL/h de Ringer Lactato
 - 6-13 anos: 250 mL/h de Ringer Lactato
 - ≥ 14 anos: 500 mL/h de Ringer Lactato
 
Importante: Esses são volumes iniciais, que devem ser ajustados conforme a fórmula de Parkland ao chegar no hospital.
Lesões Elétricas: Atenção Redobrada
A 11ª edição também atualizou o manejo de lesões elétricas, frequentemente subestimadas.
Pontos-Chave:
- Lesão interna extensa: Mesmo com queimadura cutânea pequena
 - Monitorização cardíaca: Obrigatória e contínua
 - Rabdomiólise: Investigação sistemática (CK, mioglobinúria)
 - Reposição agressiva: Para prevenção de insuficiência renal
 
Pontos de Atenção Para o INEP
O INEP Adora Testar:
- Nova distribuição: 16 horas iguais vs. 8h + 16h (pegadinha clássica)
 - Manejo de flictenas: Remoção vs. preservação
 - Hidratação precoce: Critérios e volumes iniciais
 - Cálculo de SCQ: Apenas 2º e 3º graus (1º grau não conta!)
 
Fórmulas Essenciais:
- Adultos: 2 mL x peso (kg) x %SCQ nas 16h
 - Crianças < 13 anos: 3 mL x peso (kg) x %SCQ nas 16h
 - Meta de diurese: 0,5-1 mL/kg/h (adultos) | 1 mL/kg/h (crianças)
 
Pegadinhas Clássicas:
- Incluir queimaduras de 1º grau no cálculo de SCQ
 - Usar a distribuição antiga (8h + 16h)
 - Preservar flictenas “para proteção”
 - Não considerar lesões elétricas como graves
 
A Mensagem Para Sua Aprovação
O manejo de queimaduras na 11ª edição do ATLS representa uma evolução baseada em evidências. Não são apenas mudanças cosméticas, mas transformações fundamentais que impactam diretamente o prognóstico dos pacientes.
Quem ainda estuda pelos protocolos antigos está literalmente estudando medicina desatualizada. O INEP não vai esperar você se atualizar – as questões já estão sendo cobradas agora.
Vamos Consolidar os Conhecimentos com uma Questão
Lactente de 2 anos de idade com peso de 12 kg sofreu queimaduras de segundo grau cobrindo 15% de sua superfície corporal total após acidente com líquidos escaldantes em ambiente doméstico. A criança foi rapidamente trazida ao pronto-socorro pelos pais, chegando 1 hora após o evento. Ao exame físico, apresenta-se chorosa, com dor evidente nas áreas queimadas, mas sem sinais de choque na avaliação inicial. As queimaduras apresentam eritema, edema e algumas flictenas. Sinais vitais: frequência cardíaca de 140 bpm, frequência respiratória de 28 irpm, pressão arterial de 90 x 60 mmHg e temperatura axilar de 36,8°C. O médico decidiu iniciar a reposição volêmica conforme as diretrizes atualizadas do ATLS 11ª edição.
Com base na nova fórmula de Parkland modificada para pacientes pediátricos, qual é a quantidade apropriada de fluido (Ringer Lactato) que esse paciente deve receber e como deve ser distribuída essa reposição?
A) 540 mL distribuídos de forma igual nas próximas 16 horas (33,75 mL/h).
B) 270 mL nas primeiras 8 horas e 270 mL nas 16 horas subsequentes.
C) 360 mL nas primeiras 12 horas e 180 mL nas 12 horas subsequentes.
D) 540 mL nas primeiras 8 horas e 540 mL nas 16 horas subsequentes.
Gabarito: A
Justificativa: Segundo a nova fórmula de Parkland da 11ª edição do ATLS para crianças < 13 anos: 3 mL x peso (kg) x %SCQ = 3 x 12 x 15 = 540 mL. A principal mudança é que todo o volume calculado é administrado de forma igual nas próximas 16 horas (não mais dividido em metade nas primeiras 8h e metade nas 16h subsequentes), resultando em 33,75 mL/h.
Bastidores do Revalida, Medicina de Prova!
															


